Maidê Mahl está internada em estado grave no Hospital das Clínicas em SP
Atriz e modelo sumiu na segunda (2) e foi achada sozinha na quinta (5) em quarto de hotel.
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Cambará Notícias
Fotos: Reprodução/Instagram
A atriz e modelo Maidê Mahl, que estava desaparecida havia três dias até ser encontrada debilitada nesta semana pela polícia de São Paulo, está internada em estado grave, mas estável. É o que informa o boletim divulgado pelo Hospital das Clínicas (HC), na tarde desta sexta-feira (6), sobre o estado de saúde da artista.
De acordo com o documento, Maidê “segue em estado grave e estável, recebendo cuidados intensivos. A equipe médica continua acompanhando de perto sua evolução, com suporte multidisciplinar e monitoramento contínuo. Todas as medidas necessárias para o cuidado e recuperação da paciente estão sendo tomadas”.
De acordo com apuração do g1, a suspeita é a de que Maidê possa ter ingerido algum produto tóxico que lhe fez mal. Foram encontradas embalagens no local onde ela estava que passarão por perícia para saber que substâncias tinham.
A equipe médica que a atendeu ainda avalia a possibilidade de operá-la. Quando deu entrada no hospital, ela chegou a ser ser sedada e entubada.
Maidê tem 31 anos, é gaúcha e mora com amigos num imóvel alugado na capital paulista. Ela sumiu na segunda-feira (2), quando foi vista pela última vez em Moema, bairro nobre da Zona Sul da cidade (veja ao final da reportagem mais fotos da atriz).
A artista foi encontrada na quinta-feira (5) pela Polícia Civil. Ela estava sozinha e abatida dentro do quarto de um hotel também na Zona Sul de São Paulo. Em seguida, foi levada de ambulância para o hospital, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP).
“Está viva. Muito lesionada e com respiração fraca, sendo reanimada. Está sendo levada para um hospital nesse momento”, chegou a dizer na quinta ao g1 a delegada Ivalda Aleixo, diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).
A mãe da atriz, Nélia Schwinn, deixou o Rio Grande do Sul também na quinta e viajou a caminho de São Paulo devido ao desaparecimento da filha. Está com a filha no hospital. Uma agente da atriz também acompanha as duas.
Polícia investiga como foi sumiço
De acordo com a delegada Ivalda Aleixo, policiais do DHPP tiveram de arrombar a porta do quarto do do hotel Ibis para poder entrar.
“O Hotel Ibis Budget Paraíso prestou todo auxílio à hóspede Maidê Mahl e, neste momento, colabora com as autoridades, respeitando o sigilo das informações”, informa nota divulgada pela assessoria do hotel ao ser procurado pela TV Globo para comentar o assunto.
A Delegacia de Polícia de Investigações sobre Pessoas Desaparecidas do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa ainda investiga como a mulher sumiu, por quais motivos, o que aconteceu com ela enquanto esteve no quarto do hotel e se consumiu alguma coisa.
Policiais chegaram a sair às ruas em busca de câmeras de segurança que teriam gravado Maidê pelos locais por onde ela passou. Os agentes também ouviram depoimentos de pessoas ligadas à atriz.
Nenhuma hipótese está descartada. Mas até o momento a principal suspeita é a de que ela tenha feito tudo sozinha. Por enquanto não há indícios de que alguém tenha cometido um crime contra ela.
Testemunhas contaram aos policiais que ela estaria passando por problemas de saúde mental recentemente. Desde o desaparecimento, Maidê não contatou nenhum de seus parentes ou conhecidos, segundo a investigação.
O perfil da atriz no Instagram chegou a ter fotos antigas editadas na última segunda, quando ela sumiu. Nas imagens, estão pessoas que convivem ou conviveram com ela.
O humorista Ary Toledo, nome popular da comédia no rádio e na TV do Brasil, morreu aos 87 anos na manhã deste sábado (12), em São Paulo. Ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês, no Centro da capital paulista.
A informação foi anunciada pela família por meio do perfil oficial do artista no Instagram. Até a última atualização desta reportagem, a causa da morte, que ocorreu pouco depois das 8h, não havia sido divulgada.
“Com profundo pesar, anunciamos o falecimento de Ary Christoni de Toledo, um humorista brilhante que iluminou nossas vidas com seu talento e risadas. Que sua memória continue a trazer sorrisos a todos nós… Sentiremos a sua falta Mestre”, disse a publicação.
O velório de Ary Toledo está marcado para ocorrer a partir das 19h deste sábado no Ossel Memorial, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Depois, ele será cremado.
Nascido em Martinópolis, no interior de São Paulo, em 22 de agosto de 1937, Ary Toledo fez carreira na TV e no rádio contando piadas e histórias engraçadas.
Ele passou a infância na cidade de Ourinhos e se mudou para a capital aos 22 anos, quando começou a fazer shows como cantor e contador de piadas, além de trabalhar como ator.
Ao longo da carreira, trabalhou em emissoras como TV Tupi, Record e SBT. Também escreveu muitos vários livros de piadas e gravou discos.
Segundo ele mesmo divulgou em 2023, foram 65 mil piadas catalogadas e publicadas em livros e discos ao longo de mais de 60 anos de carreira.
Em entrevista ao “Conversa com Bial” exibida em setembro de 2023, Toledo contou detalhes sobre a primeira piada que contou na vida, o começo como faxineiro no Teatro de Arena e relembrou o início da carreira como comediante.
Ary Toledo e a esposa Marly Marley: casamento de quatro décadas. – Foto: Reprodução/Redes Sociais
Por 45 anos, foi casado com a diretora teatral Marly Marley, que morreu em 2014, aos 75 anos, vítima de uma complicação do câncer de pâncreas.
Em entrevista ao g1 na época, Toledo lembrou: “Em 1967, eu só a conhecia de nome, de fotos. Ela era vedete de teatro e foi fazer uma participação no meu programa na TV Bandeirantes. Foi amor à primeira vista. Dei em cima dela até ela se casar comigo”.
Silvio Santos, maior apresentador da TV brasileira, morre aos 93 anos em São Paulo
Nome mais importante do entretenimento da televisão brasileira, que começou como camelô e locutor de rádio, estava internado desde o início do mês em razão de uma infecção por H1N1.
Fotos: Celso Júnior/Estadão Conteúdo, Lourival Ribeiro/SBT/Divulgação e Reprodução
Silvio Santos morreu aos 93 anos, neste sábado (17), em São Paulo, em decorrência de uma broncopneumonia após infecção por influenza A (H1N1).
Silvio foi o nome mais importante do entretenimento da televisão brasileira, em especial à frente do Programa Silvio Santos, que comandou a partir de 1963. Foi, também, dono de um conglomerado bilionário criador de marcas como Jequiti, Tele Sena e Baú da Felicidade – além das emissoras TVS e SBT.
Em julho, Silvio foi internado no Hospital Albert Einstein, na capital paulista, para se recuperar do H1N1. Teve alta dois dias depois. Em 1º de agosto do mesmo ano, voltou a ser hospitalizado.
Silvio faleceu às 4h50 deste sábado (17), segundo o hospital. O apresentador deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978, seis filhas – Daniela, Patrícia, Rebeca e Renata, do casamento com Íris; e Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977 -, 14 netos e 4 bisnetos.
Não haverá velório – apenas uma cerimônia judaica para família e amigos mais próximos, em um cemitério israelita, a pedido do apresentador.
Em nota, a Globo lamentou a morte de Silvio.
“O Brasil se despede hoje com tristeza de um apaixonado pela comunicação e um dos seus maiores expoentes. Agradecemos ao Silvio tudo que fez pela televisão brasileira e enviamos nosso carinho à família, aos amigos, aos colaboradores e aos fãs.”
O presidente do Grupo Globo, João Roberto Marinho, relembrou a atuação de Silvio na emissora e relação de amizade, admiração e respeito mútuos entre o apresentador e Roberto Marinho.
“No dia em que a televisão brasileira acordou já com saudades de um de seus grandes talentos, lembro com carinho e gratidão dos anos em que Silvio Santos ajudou a escrever também a história da Globo. De 1965 a 1969, o ‘Programa Silvio Santos’ foi exibido pela TV Globo para a cidade de São Paulo e depois, até 1976, foi levado para todo Brasil. Já desde então se destacavam a alegria e o talento que divertiram os domingos dos brasileiros e inspiraram tantos profissionais. É com carinho que me recordo também da relação de amizade, admiração e respeito mútuos que tinha com meu pai, Roberto Marinho, com quem compartilhou três grandes paixões: a comunicação, a televisão e o Brasil. À família, aos amigos, aos colegas do SBT e aos fãs, a nossa solidariedade. Ao Silvio, nosso muito obrigado.”
Início como camelô e locutor
Senor Abravanel – nome de batismo de Silvio Santos – nasceu em 12 de dezembro de 1930, no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Seus pais, Alberto e Rebeca (nome que foi dado uma das filhas do apresentador), eram imigrantes de origem judaica. Foi o mais velho de cinco irmãos.
Silvio estudou contabilidade e, no tempo livre, trabalhou como camelô nas ruas do Rio de Janeiro, vendendo canetas e outros itens, como capas de plástico para títulos de eleitor na eleição de 1946. Usava a voz também para fazer pequenos trabalhos em uma rádio.
Aos 18 anos, em 1948, serviu o Exército na Escola de Paraquedistas. Aos domingos, trabalhava no rádio e, a deixar a Força, seguiu com os serviços de locução, fazendo, entre outras coisas, anúncios com uma caixa de som na barca liga Rio e Niterói.
Em 1954, já em São Paulo, Silvio assinou o primeiro contrato fixo como locutor, na Rádio Nacional. Depois, foi chamado pelo empresário e radialista Manuel de Nóbrega para ser animador de seu programa.
A estreia na TV
Na época, Manoel da Nóbrega era dono do Baú da Felicidade, que vendia brinquedos a prazo. Silvio assumiu a empresa em 1958 e, no ano seguinte, passou a fazer shows em circos para vender os populares carnês. Era o início do Grupo Silvio Santos (leia mais sobre a trajetória empresarial do apresentador aqui).
Também em 1959, Silvio estreia na TV, com o programa Audições, na TV Paulista (canal 5), onde comandou ainda programas como Hit Parade, Quando Maestros Se Encontram e O Grande Espetáculo. O primeiro programa autoral foi Vamos Brincar de Forca, usado para alavancar as vendas do carnê do Baú.
O Programa Silvio Santos, o maior entre os criados pelo apresentador, surgiria em 1963. Em 1965, o programa passou a ser transmitido pela TV Globo, após a compra da TV Paulista – inicialmente para São Paulo e, depois, para todo o país.
Ao mesmo tempo, Silvio apresentava programas – “Festa dos Sinos”, “Sua Majestade: o Ibope”, “Cidade contra Cidade” e “Silvio Santos Diferente” em outra emissora, a TV Tupi.
TVS e SBT
Silvio adquiriu seu próprio canal de televisão 1975 – o Canal 11, do Rio de Janeiro. No ano seguinte, inauguraria a TVS e deixaria a Globo.
Silvio ganhou outras concessões e, em 1981, entrou no ar o SBT, da qual o Programa Silvio Santos era a principal atração, com quadros inesquecíveis como Domingo no Parque, Qual é a Música, Show de Calouros e Porta da Esperança.
Com carisma, bordões – “Vem pra cá, vem pra cá” e “Quem quer dinheiro?” – e domínio absoluto da plateia, Silvio chegava a fazer o programa durar mais de dez horas.
Silvio também fez sucesso cantando marchinhas de carnaval, como Coração Corintiano e A Pipa do Vovô, registradas em álbuns entre os anos 1970 e 1990 e, em fevereiro 2001, foi homenageado no Carnaval do Rio pela escola de samba Tradição, com o enredo O Sorriso do Patrão.
Candidatura presidencial frustrada
Em 1989, Silvio Santos anunciou, duas semanas antes do primeiro turno da eleição, que seria candidato a presidente da República pelo Partido Municipalista Brasileiro (PMB), logo depois extino.
Partidos adversários contestaram, e a candidatura foi barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 9 de novembro.
A entrada do apresentador agitou o processo eleitoral daquele ano. Dono de um rosto conhecido pelos brasileiros, Silvio figurou bem nas pesquisas eleitorais, chegando a alcançar 30% das intenções de voto nas sondagens, de acordo com informações do TSE. Silvio evitou fazer comentários públicos sobre a tentativa frustrada de chegar à Presidência.
Sequestro
Em agosto de 2001, Patrícia Abravanel, filha de Silvio, ficou sequestrada por 7 dias.
Após a libertação, dois dos sequestradores foram presos. Um terceiro, Fernando Dutra Pinto, e sua namorada, conhecida como Jenifer, fugiram com o dinheiro do resgate. A polícia de São Paulo iniciou uma caçada ao bandido, que chegou a ser localizado em um hotel em Alphaville, que conseguiu escapar após matar 2 agentes.
Fernando, pouco depois, invadiu a casa de Silvio Santos e fez o apresentador refém por sete horas. O sequestro só chegou ao fim após o governador de São Paulo à época, Geraldo Alckmin, ir até o local e negociar com o bandido, que se entregou.
‘Para tudo, já estou aqui. Já cheguei’
Em dezembro de 2020, Silvio Santos comemorou 90 anos sem celebrações públicas, isolado por conta da pandemia, ao lado das filhas.
No dia 1º agosto de 2021, já vacinado com duas doses, Silvio voltou a apresentar seu programa. Semanas depois, contraiu Covid-19 e foi internado, mas se recuperou e voltou a gravar o programa, embora não no ritmo de antes.
Ao som da música de abertura, o apresentador entrou alegre, dizendo “Para tudo, já estou aqui. Já cheguei!”.
Foi a primeira brincadeira de muitas que ainda divertiriam o público. Seria a última edição do programa gravada pelo apresentador.
Glória Maria, jornalista e ícone da TV, morre no Rio
Na Globo desde 1971, a carioca foi a 1ª repórter a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional. De 1998 a 2007, ela apresentou o Fantástico e, desde 2010, integrava a equipe do Globo Repórter.
Fotos: Infoarte, Renato Rocha Miranda/Reuters e Acervo Grupo Globo
A jornalista Glória Maria, ícone da TV brasileira, morreu no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (2). “É com muita tristeza que anunciamos a morte de nossa colega, a jornalista Glória Maria”, informou a TV Globo, em nota
Em 2019, Glória foi diagnosticada com um câncer de pulmão e fez um bem-sucedido tratamento com imunoterapia. Tempos depois, ocorreu metástase no cérebro, e a jornalista teve de passar por cirurgia, que também teve êxito.
“Em meados do ano passado [2022], Glória Maria começou uma nova fase do tratamento para combater novas metástases cerebrais que, infelizmente, deixou de fazer efeito nos últimos dias, e Glória morreu esta manhã, no Hospital Copa Star, na Zona Sul do Rio”, afirma o comunicado da emissora.
Primeira jornalista a aparecer na TV (antes, os repórteres não apareciam no vídeo) e primeira a entrar ao vivo e em cores no Jornal Nacional, Glória Maria foi pioneira inúmeras vezes. Esse pioneirismo é reconhecido como inspiração para mais de uma geração de mulheres negras.
Ao longo de cinco décadas de carreira, Glória Maria mostrou mais de 100 países em suas reportagens e protagonizou momentos históricos. Entrevistou chefes de Estado e celebridades como Michael Jackson e Madonna.
Também cobriu a Guerra das Malvinas, em 1982; a invasão da embaixada brasileira do Peru por um grupo terrorista, em 1996; os Jogos Olímpicos de Atlanta, também em 1996; e a Copa do Mundo de 1998, na França.
Na TV Globo deste 1970, passou ainda por Bom Dia Rio, RJTV, Jornal Hoje, Fantástico e Globo Repórter, último programa do qual fez parte (veja, mais abaixo, detalhes sobre a trajetória da jornalista).
Wanderléa, Roberto Carlos, Glória Maria e Erasmo Carlos – Foto: Acervo Grupo Globo
“Eu sou uma pessoa movida pela curiosidade e pelo susto. Se eu parar para pensar racionalmente, não faço nada. Tenho que perder a racionalidade para ir, deixar a curiosidade e o medo me levarem, que aí eu faço qualquer coisa”, disse sobre seu trabalho.
Glória Maria Matta da Silva nasceu no Rio. Filha do alfaiate Cosme Braga da Silva e da dona de casa Edna Alves Matta, estudou em colégios públicos e sempre se destacou. “Aprendi inglês, francês, latim e vencia todos os concursos de redação da escola”, lembrou em entrevista ao Memória Globo.
A jornalista deixa duas filhas: Maria, de 15 anos, e Laura, de 14, adotadas em 2009.
Glória Maria em reportagem com o elenco da novela ‘Pedra sobre Pedra’, de 1992 – Foto: Acervo Globo
Vida e carreira
No início da juventude, Glória Maria também chegou a conciliar os estudos na faculdade de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio) com o emprego de telefonista da Embratel.
Em 1970, foi levada por uma amiga para ser radioescuta da Globo do Rio. Naquele tempo sem internet, ela descobria o que acontecia na cidade ouvindo as frequências de rádio da polícia e fazendo rondas ao telefone, ligando para batalhões e delegacias.
Na Globo, tornou-se repórter numa época em que os jornalistas ainda não apareciam no vídeo. A estreia como repórter foi em 1971, na cobertura do desabamento do Elevado Paulo de Frontin, no Rio de Janeiro. “Quem me ensinou tudo, a segurar o microfone, a falar, foi o Orlando Moreira, o primeiro repórter cinematográfico com quem trabalhei”.
Glória Maria trabalhou no Jornal Hoje, no RJTV e no Bom Dia Rio. Coube a ela a primeira reportagem do matinal local, há 40 anos, sobre a febre das corridas de rua.
No Jornal Nacional, foi a primeira repórter a aparecer ao vivo. Cobriu a posse de Jimmy Carter em Washington e, no Brasil, durante o período militar, entrevistou chefes de Estado, como o ex-presidente João Baptista Figueiredo.
“Foi quando ele [João Figueiredo] fez aquele discurso ‘eu prendo e arrebento’ – para defender a abertura [1979]. Na hora, o filme [para fazer a gravação da entrevista] acabou e não tínhamos conseguido gravar”, lembrava ela.
“Aí eu pedi: ‘Presidente, é a TV Globo, o Jornal Nacional, será que o senhor poderia repetir?’. ‘Problema seu, eu não vou repetir’, disse Figueiredo. O ex-presidente dizia para a segurança: ‘Não deixa aquela neguinha chegar perto de mim’.”
Glória Maria e Pedro Bial na bancada do ‘Fantástico’ – Foto: Acervo Grupo Globo
Sucesso no Fantástico
A partir de 1986, Glória Maria integrou a equipe do Fantástico, do qual foi apresentadora de 1998 a 2007. Ficou conhecida pelas matérias especiais e viagens a lugares exóticos, e por entrevistar celebridades como Michael Jackson, Harrison Ford, Nicole Kidman, Leonardo Di Caprio e Madonna.
Com a cantora, Glória teve um encontro que definiu como especial. “Eu saí daqui, e diziam que a Madonna era difícil. Foi antipaticíssima com a Marília Gabriela e debochou do seu inglês”. Ao chegar, Glória Maria foi informada de que tinha quatro minutos para entrevistar Madonna.
A repórter contou que entrou em pânico. Mas, na hora, falou: “Olha, Madonna, eu tenho quatro minutos, vou errar no inglês, estou assustada, acho que já perdi os quatro minutos.” Para sua surpresa, a estrela virou-se para a equipe técnica e disse: “Dê a ela o tempo que ela precisar.”
Viagens a mais de 100 países
Para o Fantástico, a jornalista viajou por mais de 100 países, passando pela Europa, África e parte do Oriente, quando mostrou um mundo novo ao telespectador.
Foi a repórter que entrou no ar ao vivo, na primeira matéria com imagem colorida do Jornal Nacional, em 1977, mostrando o movimento de saída de carros do Rio de Janeiro, em um fim de semana. Naquele dia, foram usados equipamentos portáteis de geração de imagens.
Na primeira cena, a lâmpada queimou e a repórter passou seu primeiro sufoco no ar.
“Eu estava dura, rígida, porque não podia errar. Era a primeira entrada ao vivo. Faltavam cinco, dez minutos, era o técnico que ficava com o fone para me dar o ‘vai’. Quando a lâmpada queimou, faltava um minuto para a entrada ao vivo. O jeito foi acender a luz da Veraneio (carro usado pela emissora nas reportagens).”
O repórter cinematográfico e a repórter tiveram que ficar de joelhos, com o farol no rosto de Glória Maria, e a matéria entrou no ar.
Glória Maria durante reportagem do programa ‘Globo Repórter’ na Noruega – Foto: Globo/Divulgação
Primeira transmissão em HD
Em 2007, ao lado do repórter cinematográfico Lúcio Rodrigues, a jornalista realizou a primeira transmissão em HD da televisão brasileira. Foi uma reportagem no Fantástico sobre a festa do pequi, fruta de cor amarela adorada pelos índios Kamaiurás, no Alto Xingu.
Volta ao mundo no Globo Repórter
Após dez anos no Fantástico, Glória Maria tirou dois anos de licença para se dedicar a projetos pessoais, como as viagens à Índia e à Nigéria, onde trabalhou como voluntária. Nesse período, adotou as meninas Maria e Laura e, ao retornar à Globo, em 2010, pediu para integrar a equipe do Globo Repórter, último programa do qual fez parte.
Estreou com a matéria “Brunei Darussalam: A Morada da Paz”; um ano depois fez “Butão: O País da Felicidade” – as duas matérias sobre o pequeno sultanato no Sudeste Asiático, na fronteira com a Malásia.
Em 2010, esteve no Grand Canyon, nos Estados Unidos, quando andou de balão e desceu de bote o Rio Colorado. No mesmo ano fez Duas Chinas, também para o Globo Repórter, e apresentou ainda o especial de Roberto Carlos na Praia de Copacabana.
Glória foi escolhida pelo Rei para a entrevista que concedeu em sua residência e na qual ele acabou cantando para ela. Em 2011, apresentou o show que o cantor fez em Jerusalém. Na ocasião, Roberto Carlos tirou a apresentadora para dançar.
Em 2012, a jornalista mostrou o Oásis da paz em Omã e fez um passeio com camelos pelo deserto. Logo depois, passou por Dubai.
Glória Maria e equipe durante reportagem do programa ‘Globo Repórter’ no Sri Lanka – Foto: Globo/Divulgação
A França foi um dos países visitados em 2013. Na ocasião, foram exibidas as belezas do Vale do Loire, Champagne e Provence. No mesmo ano, revelou a cultura e os costumes dos moradores do Vietnã, Laos e Camboja. Passou também por Myanmar, no sul da Ásia, onde fez reportagens sobre o misticismo na região.
As paisagens do Reino Unido, Suécia e Lapônia foram temas do Globo Repórter em 2014.
No ano seguinte, a jornalista mostrou as belezas de Marrocos, como a cidade azul, Marrakesh, os encantadores de serpente e a colheita do argan feita pelas cabras. Cruzou o deserto do Saara em um dromedário e mostrou a vida dos povos nômades.
Em 2016, visitou a Jamaica, onde teve a oportunidade de entrevistar o campeão mundial de atletismo Usain Bolt e participou dos rituais de uma comunidade rastafári.
Em 2017, Glória Maria foi à China e fez matérias em Hong Kong, onde cuidou de um panda gigante, e pulou do mais alto bungee-jump do mundo em Macau, com 233 metros de altura.
Em setembro de 2019, Sérgio Chapelin se aposentou, após 23 anos no Globo Repórter. A partir daquele mês, Glória Maria passou a dividir a apresentação do programa com a jornalista Sandra Annenberg.
Em 2009, Glória Maria adotou as duas filhas após viagem à Bahia – Foto: Reprodução/Redes Sociais
Convite da Unicef e homenagem no Rio
Em 1998, Glória foi convidada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Juventude (Unicef) para ser uma das apresentadoras de um concerto beneficente para a Etiópia.
Dez anos depois, em 2008, ela recebeu uma homenagem da Câmara Municipal do Rio de Janeiro com a Medalha Chiquinha Gonzaga.